Diante da escolha do novo Papa, um norte-americano aparentemente simpático, há o natural interesse sobre sua formação e biografia.
Até o presente momento, as informações são muito boas.
O homem a longe dos estereótipos, reunindo o que haveria de melhor da diversidade dos EUA. Possuindo, além disso, boa formação intelectual e respeitável atuação pastoral.
Atuou no Peru por mais de vinte anos, em Missão, tendo apresentado um belo desempenho.
Sua formação inspira respeito. O homem seria agostiniano. Não é de se subestimar. E seria a principal pista de seu vindouro pontificado.
Santo Agostinho, patrono da Ordem do novo Papa, estaria entre os mais celebrados doutores da Igreja.
Tendo conhecido o pecado, a luxúria, a ganância e a vaidade, o homem converteu-se e abraçou a face mais luminosa da tradição Católica: a promoção da civilização e dos valores clássicos.
Oriundo da África do Norte, onde hoje se localiza a Argélia, Agostinho vivenciou a decadência do Império Romano e seus estertores, no final do século V. Viveu em comunidade no norte da Itália, quando teria formatado sua Ordem.
Em sua trajetória, como professor, estudioso, bispo e difusor da fé católica, Agostinho uniu a tradição clássica grega, especialmente Aristóteles e Platão, à funcionalidade romana e aos princípios da latinidade. O que haveria de melhor, considerando a filosofia clássica.
Vem aí um Papa desse tipo: com estrutura acadêmica, somada a sólidos fundamentos filosóficos. E com uma crença lapidar: a da tolerância. Assim como Agostinho, as pessoas poderiam errar – e se converter.
Talvez a principal tarefa pessoal do novo Papa seja superar a própria vaidade, decorrente de sua sólida formação intelectual.
A vida de Agostinho, por outro lado, é magistralmente apresentada por Peter Brown, em “Santo Agostinho, uma biografia”. Embora seja derivada de uma tese de doutorado, a leitura é agradável, com destaque para Santa Mônica, mãe de Agostinho, responsável por sua conversão. Mulher notável.
Temos um Papa promissor e experiente.
Principalmente como missionário.
E não lhe arão a perna facilmente: o homem manda bem, inclusive, em Direito Canônico. Uma águia.
Ou um Leão, como ele prefere.
Marco Antônio Andere Teixeira – Historiador, Advogado e Cientista Político